-Filha tome cuidado...Não atenda aporta para ninguém, não tenda o telefone, não fique na internet até tarde..-Sua mãe repetia a POUCO detalhada lista de ordens antes de sair da casa. – Ah, cuidado com o fogão, e com o forno...
-Nada de festas, bebidas, drogas ou música alta nessa casa! – falou o seu pai sério Enquanto andava, arrumava seu casaco e pegou a mala no caminho. Foi guardar a bagagem no porta-malas do carro e sua mãe a puxou de lado -Juízo menina! Lembre-se de como você foi educada.
-Tá bom mãe! – Selena . começava a ficar nervosa com a situação. Pra quê tantas recomendações? Ela já não era mais um bebezinho. Tá...e daí se ela ainda gostasse de filmes infantis e bichinhos de pelúcia?
Antes de entrar o carro, sua mãe a abraçou dizendo:
-Nós ligaremos todas as noites, pra saber se está tudo bem com você, filha. Já falei com a vizinha e você levará a filha dela essa semana para a creche de manhã e a pegará de tarde. E ela te ajudará com qualquer coisa que você possa precisar, certo? E qualquer coisa, pode ligar que a mamãe ajuda também, por telefone. Eu te amo, voltaremos logo.
-Tá, mãe, te amo. Tchau pai!
-Tchau filha, se cuida! – disse seu pai acelerando o carro e fazendo a curva para pegar a avenida principal. Ela ficou olhando o carro sumir no horizonte. Olhou no relógio: meia hora para se arrumar.
Entrou em casa correndo e subiu as escadas. Ativou o desvio de chamadas, que transfere as ligações feitas para o telefone fixo para o celular, e foi trocar de roupa. Colocou a bata vermelha que ganhara da sua mãe, a sua calça jeans favorita e um peep-toe vermelho, combinando com a bolsa e a bata. Arrumou o cabelo e o seu celular tocou.
Sua amiga estava na porta de casa. Selena era amiga de Demi desde sempre. As duas moravam perto desde que nasceram e sempre estudaram na mesma escola. Quando Demi conseguiu ganhar o tão sonhado carro de seu pai, virou a motorista da dupla, sempre levando Selena aonde quer que elas fossem. Saiu de casa, fechando a porta e deparou-se com Demi dentro de seu carro.
-Nossa, amiga, você ta linda!
-Brigada...você também – respondeu Selena sem jeito
Ao entrar no carro, Selena . percebeu que morria de calor. Olhou para Demi para ver se era um sentimento compartilhado.
-Por acaso você também está com calor?
-Demais! Hoje ta fervendo! –respondeu Demi ligando o carro. E as duas foram.
Táá..esqueci de dizer pra ONDE elas tão indo, né...Que cabeça a minha! xD Uns amigos da Demi são metidos a cantores e alugaram um estúdio para poder ensaiar e gravar umas demos, essas coisas do mundo musical com a qual não sou muito familiarizada. Enfim, como um dos meninos (Sony ou alguma coisa assim) é muito amigo da Demi (e ouvi dizer que é lindo também) ele a convidou para ir vê-lo cantar com os irmãos no tal estúdio. E, claro, ela arrastou sua amiga Selena . Vinte minutos depois, as duas estavam num prédio um tanto sério, pintado de cinza com as janelas fumê e portas pretas. Elas entraram e foram conduzidas por uma recepcionista até o estúdio dos meninos, no 15º andar. Elas entraram na sala que dava acesso ao estúdio e tiveram vontade de sair correndo assim que perceberam que estavam no meio de uns vinte meninos e NENHUMA menina. Todos os olhares se voltaram para ela, até de uns meninos que jogavam Guitar Hero no videogame. Demi já conhecia uma boa parte deles, já que estudava música também. Foi cumprimentando alegremente todos, até que viu seu amigo.
- Kevin ! – aaah, então era Kevin , e não Sony o nome do menino...Que seja. Ela o abraçou por muito tempo - Tudo bom?
-Tudo sim, Demi .Pensei que você não viesse mais – Disse ele com um sorriso simpático. Tá...ele era BEM bonito, pensou Selena , e parecia ser bem simpático também, pois já veio cumprimentá-la.
-Prazer! Eu sou o Kevin .- o olhar dele era de menino. - Selena . . Prazer, Kevin . – disse ela dando um sorriso.
-Venham conhecer meus irmãos, antes da gente começar a tocar. - disse ele arrastando Demi pela mão – Vem também, Selena .
Eles andaram mais para dentro do estúdio, onde tinha uma divisória dessas removíveis. Ele abriu a porta e entrou. Lá dentro havia uma cabine de som, onde gravariam as músicas e tudo. Tinha um sofá em cada parede e uma mesa de som encostada na “cabine”. Lá dentro Selena encontrou talvez a família mais bonita, feliz e simpática de todo o mundo. Conheceu os pais dos meninos, Denise e Paul, e o irmão mais novo dele, que brincava com uma bola, Frankie, com quem Selena se deu muito bem. Os dois irmãos que cantavam com Kevin , Nick e Joe , estavam num dos sofás conversando sobre guitarras e coisas assim. Quando Kevin chegou com as meninas, o assunto morreu. Os dois sorriram na mesma hora e fixaram o olhar nas meninas, que sorriram envergonhadas. Nick . era o mais velho, Kevin . era o segundo, Joe . o terceiro e Frankie o quarto, em ordem de idade.
-Meninas – disse Kevin se colocando entre seus irmãos e as meninas – este é o Nick e este é o Joe . Meninos, estas são Demi . e Selena .
-Oi – disseram os quatro juntos.
-Então, o Kevin me dizia que vocês cantam muito bem e tudo...Desde quando? – Demi . tentava puxar papo com os irmãos de Kevin .
-Ah...Nossa família é bem...musical, sabe? – respondeu Nick buscando palavras.
-É. Desde bem pequeno eu canto. Acabei incentivando os dois a virem comigo cantar e hoje somos uma quase banda. – E Joe riu, fazendo os olhos de Selena seguirem o caminho até o seu sorriso. Sim...a beleza era de família.
-É legal, cantar com os irmãos e tudo mais, né? Assim vocês podem ficar mais tempo juntos. – Afirmou Selena
- Nem tanto...você é filha única? – perguntou Nick -Sou, porque? -Então é por isso que você acha que é legal passar tanto tempo com irmãos – ele riu. – Mas eu não passaria um dia sem eles, de verdade. São meus melhores amigos.
-Imagino – ela concordou com ele, morrendo de vontade de ter irmãos que cantassem com ela.
-Cara, ta muito quente aqui! – falou Kevin de repente. – Você já aumentou o ar condicionado, Joe ?
-Ãhn... – Joe buscou na memória. Saiu correndo, obviamente porque a resposta era negativa.
-Vou resolver o problema do ar condicionado, e o do Joe também. Já volto, Demi . – disse Kevin saindo atrás de seu irmão.
Mas Demi quase não prestou atenção, pois conversava com Denise, visto que as duas eram vizinhas. Frankie estava às voltas de Selena , querendo que ela brincasse de bola com ele. Como ela era muito boazinha, atendeu à seu pedido. Deixou a bolsa junto de Nick , que estava sentado num sofá e foi para frente deste para rolar a bola no chão com Frankie. Ele, não contente em rolar a bola devagarzinho, chutou-a com toda a força que tinha. Pode parecer estranho, mas o menininho até que era forte! A bola foi diretamente para a cabeça de Selena , que não teve tempo de se apoiar e só conseguiu ver a cara de medo de Frankie antes de desmaiar. Alguém a chamava, mas ela não conseguia responder. Tinha algo em seus olhos que impossibilitava que ela os abrisse. Quando finalmente os abriu, deparou-se com um volto com o rosto bem perto do seu, com os olhos olhando bem nos olhos dela. Ela só conseguiu dizer:
-Deus? -Pode me chamar de Nick . – ele riu. Selena sorriu envergonhada. Percebeu que estava deitada no sofá onde há pouco Nick estava sentado e sua bolsa servia de travesseiro. Ele fazia carinho em sua testa, tirando sua franja do lugar.
-Eu pensei que você fosse dormir até amanhã, sério! – ele se ergueu.
-Ãhn? – Selena estava um pouco perdida, -Você levou uma bolada e tanto. Quem diria que o Frankie fosse tão forte assim, não é mesmo? – ele riu de novo, fazendo-a rir também.
Ela fez menção de se levantar, mas Nick a segurou:
-Acho melhor você ficar mais um pouco aí.
-Mas eu quero ver vocês cantando. Falta quanto pra começar?
Ele comprimiu os lábios, num ato de pensar:
-Um mês, mais ou menos. A gente já tocou. Já foi quase todo mundo embora, só a minha família ficou aqui...quer dizer, minha família, a Demi e você.
-Ai meu Deus!
-Já disse que você pode me chamar só de Nick , ta? Ela riu. Ele puxou uma cadeira e sentou-se ao lado do sofá. -Eu prometo que te mando um CD com as nossas músicas depois ta? – ele a consolou.
Pegou uma prancheta com algumas folhas e começou a escrever. Ela não se agüentou de curiosidade e tentou olhar. - O que você está escrevendo aí? -Umas músicas pra banda. Eu gosto de escrever e tive um momento de inspiração agora, deixa eu aproveitar. – E enquanto ele escrevia, virava a cabeça de lado, comprimia os lábios e fechava os olhos.
Ela não parou de olhá-lo, pois estava adorando a cena.
-Toca essa música pra mim?- Ele sorriu. Largou a prancheta do lado do sofá e pegou o violão no outro canto da sala. Se sentou naquela posição especial para tocar violão e tocou. [“I’ll be there forever, you will see that’s better, all our hopes and our dreams will come true. I will not disappoint you, I will be right there for you. ‘Till the end, the end of time. Please be mine?].
No fim da música ela não conseguia fazer mais nada além de sorrir. Ele a encarou por muito tempo, e ela sustentou o olhar. Ele levantou da cadeira, deixou o violão de lado e a puxou pela mão. Ela pegou a sua bolsa a tempo e os dois saíram do “estúdio”. Passaram pela salinha que antecedia o estúdio e os meninos que ainda estavam jogando Guitar Hero pararam de jogar para olhá-los passando. A cena até que estava engraçada: Nick puxando Selena pela mão e ela meio que arrastada e desorientada atrás dele, com a bolsa bem segura em sua mão. Demi . estava sentada num sofá com Kevin e os dois não falavam, apenas se olhavam e sorriam. Mas, de relance, não daria pra ver muita coisa mesmo.
Nick abriu a porta do seu carro e Selena entrou. Ele deu a volta e entrou no lado do motorista. Ela ainda parecia desorientada, e ele sorriu. Ligou o rádio. Foram escutando MFly. Chegando na frente de um parque, ele estacionou o carro na rua deserta e desceu.
-Vamos?
Ela desceu do carro e foi atrás dele. Os dois entraram pelo portão dos fundos. Entraram ,não. Pularam o portão. Do lado de dentro, o parque não era tão sombrio assim, pois tinha menos árvores e alguns postes de época iluminavam o gramado central. Formando um grande e extenso circulo, haviam bancos desses de parque mesmo circundando o gramado. Nick foi bem no meio do círculo e sentou-se na grama. Selena o seguiu, tirando os sapatos, pois salto e grama não combinam. Ela sentou-se de frente pra ele e abraçou as próprias pernas. Um tempo se passou sem que nenhum dos dois falasse nada. E ficaram olhando as estrelas. De lá o céu parecia muito mais bonito e a quantidade de árvores fazia o clima ficar bem melhor.
-E aí...- Selena . tentou puxar algum assunto, meio envergonhada. – Você vem sempre aqui?
-Na verdade venho. É claro que de dia, né. Essa é a primeira vez que eu invado o parque assim.- Ele parou para suspirar - Na maioria das vezes venho de manhã pra ficar inspirado, escrever. Eu gosto de sentar aqui no meio e olhar o que as outras pessoas estão fazendo, sentir aquele clima de família e de amizade que os parques geralmente tem.
Ela se admirou de como um menino podia ser sensível. Ficou um momento gravando as palavras dele em sua cabeça e percebeu que não tinha resposta. Quando percebeu, ele estava de joelhos, se inclinando para frente.
-E você me deixou inspirado hoje. – Ele riu, abaixando a cabeça – Talvez tenha sido na hora que você caiu e bateu a cabeça no chão, ou na hora que você acordou e me chamou de Deus.
-Aposto que isso vai te inspirar por muito tempo mesmo – ela se aproximou mais dele e o beijou. Até o parque, que estava tão bonito não fez a menor importância para eles. O vento quente batia em seus rostos, causando arrepios em Selena . Nick . tocou-a no rosto delicadamente, separando-se dela. Seus olhos se encontraram e ela ficou vermelha. De repente, ele se levantou e a puxou pela mão. No fim de movimento de se levantar, ele a beijou de novo, mais intensamente a segurando pela cintura.
Os dois seguiram andando pelo parque e por caminhos escuros. O assunto era o clássico: “ o que acontece quando você termina a escola?”. Ele a encostava em toda árvore e lhe dava beijos carinhosos que a faziam sentir especial. Ela já perdera completamente a noção do tempo e de onde estavam, só queria ficar lá com o Nick e o parque.
E, assim, do nada, o dia clareou.
Selena só percebeu o quanto estava cansada ao sentar de novo no banco do carro de Nick . . Ela se aconchegou, deitando a cabeça no próprio ombro e sentindo o vento frio da manhã.
-Pra onde? – ele perguntou.
-Você vai me levar pra casa? – ela ficou curiosa.
-Claro. Não vou te deixar sozinha à essa hora. Eu sou muito bem educado – ele acelerou o carro, enquanto ela dava as coordenadas para sua casa.
Chegaram na porta e os dois desceram. Andaram pelo jardim calmamente e em silêncio. Ela subiu os três degraus antes da porta e ele subiu um, ficando da altura dela. O sorriso dele transmitia uma coisa boa, quase um feixe de energia. Ele deu um selinho nela.
-Boa noite – e se virou de costas, pra ir embora. O pensamento na cabeça de Selena estava muito rápido. Ao vê-lo se afastando, gritou:
- Nick ! Ele olhou para trás, ainda sorrindo.
-Quer tomar café comigo? – ela o convidou.
-Mas é claro! – ele fechou o carro e a seguiu pela porta da frente. Ela entrou e foi direto para a cozinha, sem olhar para trás. Ligou a cafeteira e pegou duas canecas no armário. Ele sentou-se numa cadeira e apoiou o braço na mesa. Os dois se olharam e sorriram. O café ficou pronto e os dois tomaram em silêncio. Meia hora depois, Selena lembrou que tinha que levar sua vizinha na escola.
-Caramba, Nick ... – Selena . começou a se arrumar olhando no reflexo da lava louças – Eu tenho que levar a minha vizinha pra escolinha.
Ele se levantou rapidamente.
-Eu vou com você – afirmou. Depois daquela afirmação, ela não teve o que falar. Calçou um tênis e rumou para a porta. O celular de Nick tocou. Ele atendeu, sério, e desligou rapidamente.
-Era minha mãe – ele disse, sorrindo sem jeito – Ela quer que eu vá para casa. Acho que está preocupada por eu ter passado a noite inteira fora. Sabe como são as mães, não é?
-Claro que sei...eu tenho uma. – Selena sorriu, abrindo a porta para ele. – Você vai fazer alguma coisa de tarde hoje?
Nick . pensou por um momento, e respondeu.
-Não, por quê? -Sei lá...nós poderíamos andar no parque, ou tomar um sorvete. – ela tentou achar alguma desculpa para poder vê-lo. – O que você acha?
-Pode ser, eu venho de tarde e a gente decide.- Ele tocou de leve em seu rosto e a beijou. Aquele beijo a fez não querer levar sua vizinha na creche, mas a responsabilidade falou mais alto. Ele tirou um chaveiro de Smile da chave do seu carro e deu para ela. -Essa é a promessa de que eu vou vir - Deu-lhe mais um beijo e entrou no carro.
Ela ficou olhando ele desaparecer no cruzamento e foi para a casa da vizinha, chamá-la para ir para a creche.
Nick ligou o rádio, mas o CD que queria escutar estava no chão do carro. Como ele caiu? Não se sabe dizer. Ele esperou o farol fechar e se abaixou para pegar o CD. A partir daí, tudo aconteceu muito rápido: uma velhinha foi atravessar a rua fora da faixa e um ônibus que estava passando fez uma manobra muito rápida para não matá-la. Mas o que foi feito para salvar uma vida, acabou colocando em risco outra. O motorista do ônibus perdeu o controle e acabou batendo de frente no carro de Nick , que desmaiou na hora.
Parte Em Primeira Pessoa ~*
Eu abro os olhos e tudo o que eu vejo são borrões. A luz branca do lugar queima meus olhos. Os vultos sussurram “Ele acordou! Ele acordou!”. E de repente sinto uma mão tocar na minha. Era minha mãe.
-Meu filho, ainda bem que você acordou! Fiquei preocupada. – e entre soluços ela me conta o que aconteceu, sem entrar em detalhes para não me assustar ainda mais.
Meus irmãos vêm falar comigo. Joe e Kevin com os olhos vermelhos, agora sorriam. Frankie insistia para que eu brincasse de bola com ele. Estranhamente a sensação dele com uma bola não me é estranha. Tento buscar na memória o que significa, mas não há nada além disso. De repente vem em minha memória o meu chaveiro da sorte em forma de Smile. Mas, o que tem ele?
-Mãe, vou ficar muito tempo aqui?
-Não, filho, hoje mesmo nós vamos para nossa casa de campo, para você poder descansar e melhorar mais depressa, longe do stress aqui da cidade.
-Por acaso você sabe onde eu estava antes de...Disso acontecer? – Perguntei intrigado. É...eu estava curioso demais.
-Não sei filho – ela me respondeu sinceramente, enquanto fazia carinho em meus cabelos do jeito que só mãe sabe fazer.
– Eu só consegui falar com você antes. Na manhã do acidente. Uma semana atrás.
-Uma semana? – me espantei. Será que era tão grave assim? – Uma semana aqui? Meu Deus será que eu vou ficar bom?
-Claro que vai, Nick – meu pai entrou na conversa enquanto meus irmãos já brigavam pelo controle da TV. – Os médicos disseram que você só não se lembra das coisas que aconteceram no dia do acidente. A sua memória ainda está boa. Não precisa se preocupar.
Não respondi, apenas assenti com a cabeça e sorri. A enfermeira veio me trazer almoço e trocar meus curativos. O carinho no olhar dela enquanto ela cuidava de mim me inspirou de um jeito que eu não soube explicar. Minha prancheta surgiu em minhas mãos e eu saí anotando todos os versos que vinham na minha cabeça. Pode parecer meio brega, mas eu me sentia apaixonado, só não sabia por quem. Nem me lembrava da última menina que eu vira, e isso me deixava louco.
Eu saí do hospital logo depois do almoço e nós fomos para casa pegar roupas para a viagem. Eu ainda estava meio zonzo por causa dos remédios e minha perna doía, então Kevin pegou algumas roupas minhas e deu para a mamãe colocá-las na mala. Aliás, ele, o Joe e o Frankie me ajudaram muito na semana que a gente passou no interior. Eles me pegavam sorvete, jogavam cartas comigo e até me dispensavam de lavar a louça todos os dias. Pode-se dizer que eu tenho irmãos de ouro. O Kevin ainda me comprou outro chaveiro da sorte, que eu pendurei nas chaves do meu carro. Mas eu ainda queria saber o que tinha acontecido com o meu antigo.
Acabamos voltando para a cidade e às nossas rotinas. Passou um tempo e o Joe resolveu ir cantar pra valer. Tenho que admitir que ele cantava bem, Depois ele acabou convencendo a mim e ao Kevin a ir com ele e nós gravamos algumas das músicas que eu vinha escrevendo. O tempo passou e BOOM: nós ficamos famosos da noite para o dia. Numa hora eu estava entediado no meu quarto e na outra estava fazendo shows para milhares de pessoas, que não sei como, nos adoravam. Sinceramente, eu gostava muito do sucesso. Mas o meu chaveiro da sorte nunca mais apareceu.
Nesse tempo eu comecei a namorar uma menina por quem eu pensava estar apaixonado. Errei. E errei muito. A coitada da menina percebeu que eu não gostava dela e fazia de tudo para que eu gostasse. É óbvio que não funcionou. Numa semana que eu e meus irmãos tiramos de folga e viajamos para o interior, eu terminei com ela. Até hoje nós somos meio amigos. Eu disse meio.
Bom, no interior eu andava todos os dias pelas ruas.Essa frase me fez parecer um vagal, mas não é bem assim. Eu andava para observar as pessoas e as coisas. Eu tomava sol, bebia os sucos da minha lanchonete favorita e via alguns amigos meus. Voltamos para a cidade para ficar mais uns dias e eu continuei andando.
Um dia eu estava andando numa rua com várias lojas de departamento. Pode parecer estranho, mas eu adoro andar nelas. Só andar, sem comprar nada mesmo. Enfim, eu entrei numa daquelas lojas e fui para a seção de esportes e parei na frente de uma prateleira presa na parede que estava cheia de bolas. Futebol, volley, hand, e um chaveiro de smile no bolso da atendente. Eu percebi que ela estava tentando se esconder atrás de uma bola de basquete. Sorri e perguntei
-O seu chefe está te procurando? Ela saiu de trás da bola, muito vermelha e sorrindo sem graça. Sério, eu sabia que eu a conhecia de algum lugar. Mas, de onde?
De repente, meu cérebro explodiu: várias imagens explodiram em minha cabeça, mas eu não conseguia organizá-las. Uma gravação no estúdio, Frankie e uma bola, meu parque favorito à noite, uma caneca de café quentinho, um beijo, um chaveiro de smile...
E eu a reconheci.
Ela me olhava séria, sem piscar e perguntou
-Posso ajudar? – no fim da frase ela já sorria.
-Pode. – E eu compreendi que ela deveria estar brava comigo. Também pudera. Eu tinha sumido e sem deixar desculpas. Eu podia sentir a energia dela passando para mim, o que tornava os momentos passados cada vez mais vívidos.
Ela permaneceu sorrindo de leve, ainda sem piscar. Eu me aproximei dela e peguei o meu chaveiro que estava pendurado no seu bolso. Ela sorriu o mesmo sorriso daquele dia de manhã.
-Eu pensei que você tivesse me esquecido - ela disse, a ponto de chorar.
-Como eu conseguiria esquecer da menina por quem eu estou apaixonado?
~C'est fini~
Ainw deus que fofo esse Nicholas♥!!!!
ResponderExcluirLi todas as suas mini fics de Jemi e desculpe não comentar!
Sou sua nova seguidoras!
Kisses e Tchauzinho!!